COMO RECONHECER SE ESTÁ EM UM RELACIONAMENTO ABUSIVO?

Dormindo com o Inimigo é um filme que foi lançado em 1991 e conta a história do casal Laura (Julia Roberts) e Martin (Patrick Bergin). Os dois vivem em uma mansão de praia, num local paradisíaco, levam um vida com um bom poder aquisitivo, aparentemente feliz e sem problemas.

Com o passar do filme, Martin mostra ser um marido violento, obssessivo, controlador, abusivo e perigoso. Ele agride a esposa frequentemente quando algo não sai de acordo com suas vontades. Além disso, é possível perceber que ela vive afastada da família e amigos. Laura consegue forjar sua morte, fugindo da vida que a aprisiona por anos. Mas, o marido descobre que ela está viva e vai atrás dela.

Abuso psicológico e violência física são muito evidentes ao longo do filme, além de demonstrar que o marido possui fortes sinais de transtornos de personalidade.

A relação abusiva é aquela na qual ocorrem atos de violência física, moral, sexual e psicológica, com a intenção de deixar a vítima em uma situação de submissão, sem nenhuma chance de sair do relacionamento. Tal fato contribui para que as mulheres se mantenham na relação, possuindo dificuldades em perceber que estão sendo vítimas de violência, bem como em enxergar seu parceiro como agressor.

Quando falamos de homens abusivos, estamos nos referindo a indivíduos do sexo masculino que praticam comportamentos de abuso em suas relações, seja com parceiras, amigos ou familiares. Esses comportamentos podem incluir controle excessivo, humilhação, ciúmes desproporcionais, ameaças, isolamento, desrespeito pelos limites e manipulação emocional. É importante lembrar que o abuso não está ligado a uma característica de gênero exclusiva, mas, infelizmente, muitas vezes, os homens abusivos usam de violência ou controle como forma de exercer poder sobre a outra pessoa. Do ponto de vista psicológico, esses comportamentos podem estar relacionados a questões de insegurança, dificuldades de lidar com emoções, ou padrões aprendidos na infância. Neurocientificamente, o abuso pode ativar circuitos de recompensa ou punição no cérebro, reforçando esses comportamentos disfuncionais.

Muitas mulheres vivem uma relação sem perceber que se trata de uma relação abusiva e quando percebem não conseguem sair dela facilmente, podendo se sujeitar a permanecer com o parceiro abusivo durante anos.

A dependência emocional em mulheres se refere a uma condição na qual elas sentem uma necessidade excessiva de aprovação, atenção e afeto de uma pessoa, muitas vezes um parceiro, para se sentirem seguras e felizes. Essa dependência pode levar a comportamentos de submissão, medo de ficar sozinha, baixa autoestima e dificuldades de estabelecer limites saudáveis nas relações.

Do ponto de vista psicológico, a dependência emocional pode estar relacionada a fatores como experiências de infância, inseguranças, medo de abandono ou rejeição, e padrões aprendidos de relacionamentos familiares ou sociais. De acordo com a Neurociência, ela pode envolver o funcionamento de circuitos cerebrais ligados ao prazer, recompensa e medo, reforçando a busca por validação constante.

É importante lembrar que a dependência emocional não é uma característica exclusiva de mulheres, mas ela é mais frequentemente observada nesse grupo devido a fatores culturais e sociais que muitas vezes reforçam a necessidade de aprovação feminina.

As relações abusivas e o feminicídio estão profundamente conectados e representam uma grave questão social. As relações abusivas, que envolvem violência física, psicológica, sexual ou emocional, muitas vezes começam de forma silenciosa e podem evoluir para situações extremas. Quando essa violência não é interrompida ou tratada, ela pode levar ao feminicídio, que é o assassinato de uma mulher por motivos de gênero, ou seja, por ela ser mulher.

O feminicídio é considerado a forma mais extrema de violência de gênero e muitas vezes é o desfecho final de um ciclo de abuso, onde a vítima não consegue ou não consegue escapar da situação de violência. Dados de organizações como a ONU e o Ministério da Saúde mostram que muitas mulheres que sofrem violência doméstica acabam sendo vítimas de feminicídio, especialmente quando tentam romper o relacionamento ou denunciar o agressor.

A prevenção e o combate a esse problema envolvem ações de conscientização, fortalecimento das leis de proteção às mulheres, apoio às vítimas e a responsabilização dos agressores. Além disso, é fundamental promover uma cultura de respeito, igualdade de gênero e combate ao machismo, que muitas vezes alimenta esse ciclo de violência.

Se você conhece alguém que esteja passando por uma situação assim, ou se você mesmo está enfrentando algo parecido, procure ajuda de profissionais, amigos ou familiares para sair dessa situação e buscar segurança e bem-estar.

Ajuda profissional é fundamental. Estou aqui para te ajudar!

  1. Miller, P. (2010).Violência de gênero: uma abordagem multidisciplinar. São Paulo: Editora Atlas.
  2. Gonçalves, M. (2014).Relações abusivas: compreensão, prevenção e enfrentamento. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
  3. Lemos, S. (2017).Violência de gênero e relações abusivas. Revista Brasileira de Psicologia.

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